O meu avô...
Sábado fui novamente à missa aqui em Maastricht. O celebrante começou a homilia fazendo uma referência a que era o dia de todos os santos, e que ontem era o dia dos defuntos; um dia em que nós católicos lembramos especialmente os pais, avós, familiares e amigos que eventualmente já tenham morrido, e em que pedimos por eles. Lembrei-me imediatamente do meu avô materno (não cheguei a conhecer o outro), que morreu fez um ano em Agosto. É precisamente sobre ele que falo hoje.
O meu avô era um empresário agrícola sem grandes posses que casou com a minha avó (está claro, não é?), e juntos tiveram 7 filhos. Apesar de passarem bastantes dificuldades conseguiram que todos os seus filhos estudassem e que, embora nem todos, mas ainda assim bastantes, tirassem um curso superior. Na altura, a família da minha mãe tinha mais licenciados que o resto do Juncal todo junto (a aldeia onde viviam). Para conseguir sustentar a numerosa família, os meus avós (e particularmente o meu avô) toda a vida trabalharam imenso, sendo o meu avô ao mesmo tempo um padeiro, um lagareiro, um agricultor, ....
Quando se reformou e tinha finalmente condições para gozar a vida, adoeceu de Parkinson e Arteriosclerose, o que lhe reduzia cada vez mais os movimentos, tendo-o finalmente restringido a uma rotina de quarto-sala-quarto, e reduziu-lhe bastante a capacidade de raciocíno e pensamento coerente. Foi nesta altura que a família cresceu uma vez mais, uma vez que os seus filhos lhe deram netos, mas que eu acho que ele nunca conseguiu disfrutar como um qualquer avô, uma vez que não conseguia fazer com eles o que todos os avôs fazem.
Embora ele só tenha adoecido depois de eu nascer, eu não tenho memória desses tempos, mas pelo contrário, sempre me lembro de ver o meu avô, doente, sentado na cadeira da sala.
Tenho pena de que ele não tenha tido a oportunidade de me "ver" crescer a mim e aos meus primos, de brincar conosco, de nos sentar no seu colo, de nos dar conselhos, mimos e prendas...
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