Dicionário de Língua Portuguesa (5)
Brindar sem beber – Acto que, derivando da própria definição, é ROTO. Como é que é possível para um indivíduo efectivar o nobre e valoroso acto de elevar o continente, e após não tragar o conteúdo? Brindar e Beber são dois actos que só têm sentido quando efectivados em conjunto; realizar um sem o outro retira-lhe o sentido.
Pois porque brindar sem beber representa, aos olhos desta comitiva, um total desrespeito pelos camaradas com quem se acabou de brindar. (Imagine o leitor que alguém dizia que era muito seu amigo, e que depois dizia que se estava a borrifar para si).
Por outro lado, Beber sem Brindar é um acto igualmente desprezível (se não mais ainda), devido àquilo que traz implícito em si.
Se o sujeito não brinda por não ter com quem brindar, pratica um acto de desrespeito para com os seus pares porque deveria convidar alguns compinchas para o beberete.
Por outro lado, se o sujeito está acompanhado mas a sua companhia não o acompanha na bebida, então o melhor é descartar-se da referida companhia, uma vez que o não beber é sinal de mau carácter (passa-se a similaridade com o provérbio “ De Espanha nem bom vento nem bom casamento”) (exclui-se, no entanto o caso de o elemento que acompanha o referido sujeito ser do sexo feminino e ter atributos de tal qualidade que nenhum qualquer homem resistiria a ficar roído de inveja ao ver o sujeito e o elemento que o acompanha – tais atributos são, por exemplo, um excelente par de pernas).
Finalmente, se o sujeito está acompanhado pelos seus compinchas de copos e não brinda com eles é porque não tem por eles a mínima consideração, uma vez que se recusa a efectuar com eles este acto representativo da união entre compinchas.
A sabedoria popular afirma ainda que praticar o acto acima descrito (de brindar sem beber) traz para o sujeito praticante consequências bastante desfavoráveis; no entanto não me debruçarei sobre esse facto, uma vez que este é um texto de rigor científico!
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